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No final da década de 1990, o baixo desempenho econômico nas pequenas propriedades leiteiras do país inspirou a elaboração de um projeto de transferência tecnológica para atender esses pecuaristas. Coordenado pela Embrapa Pecuária Sudeste, o “Balde Cheio”, inicialmente implantado na cidade de São Carlos, interior de São Paulo, hoje já está beneficiando cerca de quatro mil famílias e aumentando a renda em 21 Estados da federação.
De acordo com o pesquisador responsável, Artur Chinelato de Camargo, o treinamento completo para o projeto leva pelo menos três anos. O tempo é imprescindível para o surgimento dos entraves e soluções necessárias à adaptação prática do processo de gerenciamento desses rebanhos.
— Durante uma palestra no município de Quatis (RJ) um produtor me questionou sobre a ineficácia dessas reuniões. Ele afirmou que não adiantava dizer a eles que era possível ganhar dinheiro se não estávamos dispostos a ensinar o caminho no dia-a-dia. Então, a inspiração para o programa surgiu com a constatação da necessidade de reunir pesquisadores, extensionistas e produtores, criando salas de aula nas próprias fazendas — conta ele.
O sistema se desenvolveu a partir de parcerias com instituições de extensão rural, que viabilizaram a reciclagem dos técnicos conduzida pelos pesquisadores da Embrapa nas condições precárias da atividade em diversas localidades do Brasil. O produtor aprende desde o manejo correto das tecnologias até os conceitos básicos de contabilidade e sustentabilidade.
A introdução de práticas de irrigação, manejo intensivo de pastagens e cana-de-açúcar nas entressafras, tem potencializado a produtividade de 10 a 15 vezes em quatro anos. Com o “Balde Cheio”, a produção por hectare ao ano chega perto de 20 mil litros de leite.
Além dos benefícios mercadológicos da iniciativa, a revitalização do segmento significa o restabelecimento social de diversas famílias no campo, evitando a marginalização decorrente do êxodo rural nos grandes centros urbanos.
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