Por "eficiência no uso de fertilizantes" entende-se a relação entre a quantidade de fertilizante aplicado ao solo e a quantidade de produto na forma de colheita. A eficiência pode ser expressa em quilos de produto por quilo de nutriente contido no fertilizante adicionado.
Para a soja, o índice de eficiência média no uso de fertilizantes no Brasil é de cerca de 01kg/20kg, ou seja, para cada quilo de nutriente adicionado na forma de fertilizantes, produzimos 20 quilos de soja. Obviamente, em um solo muito pobre nutricionalmente, a resposta de produtividade para cada quilo de fertilizante adicionado é muito maior que aquela observada para um quilo adicional de fertilizante em um solo de elevada fertilidade. Essa é a lei dos incrementos decrescentes, a grande vilã pela redução da eficiência de fertilizantes que observamos em nossas lavouras.
Ajustes
Estamos frente a um grande dilema, chegando próximos aos limites de produtividade, quando será necessário fazer um ajuste fino. Não podemos pensar mais em adubações calculadas de 100 em 100 quilos por hectare. O ajuste está na ordem de dezenas de quilos de fertilizantes por hectare.
Tão importante quanto a quantidade de fertilizante é o equilíbrio entre os nutrientes e a adequação à exigência da cultura. O primeiro passo para o aumento da eficiência de uso de fertilizantes é a escolha do produto correto.
Boas Práticas de Fertilização
Com o aumento da preocupação com a eficiência de uso, começaram a surgir no mundo as iniciativas para definir boas práticas de uso de fertilizantes (BPUF). Segundo Roberts (2008), como boas práticas entende-se o uso do produto correto, na dose certa, na época e no local adequado.
O desafio está em definir as quantidades requeridas de cada nutriente para manter a produtividade das culturas em níveis sustentáveis no sistema que está sendo manejado, como e quando introduzir esses nutrientes no sistema de produção.
Essas definições exigem um diagnóstico muito mais profundo e detalhado do que fizemos até agora. Não basta somente a análise da camada superficial do solo para definirmos nossa estratégia de adubação. Esse parâmetro isoladamente não está permitindo a recomendação de adubação como era na época do plantio convencional.
Temos que analisar todos os reservatórios de nutrientes que estão presentes no nosso agrossistema, considerando a fertilidade das camadas inferiores, as formas não trocáveis de nutrientes presentes no solo e a camada orgânica que se acumula na superfície ao longo de sucessivos ciclos de plantio direto.
As plantas de cobertura com sistema radicular profundo, capazes de reciclar nutrientes das camadas do solo abaixo das camadas amostradas e ainda absorver parte dos nutrientes não trocáveis (que não aparecem na análise de solo), representam um importante reservatório de nutrientes que não pode ser desprezado.
Adubação Recomendada
Ainda utilizamos recomendações de adubação que preconizam que cerca de 40 a 60% do fósforo e 20 a 30% do potássio aplicado anualmente ao solo não é absorvido pelas plantas, devido a diferentes mecanismos. Com o manejo correto do sistema, não revolvendo o solo, mantendo sempre uma cobertura viva e reciclando grandes volumes de biomassa, é possível aumentarmos muito a taxa de aproveitamento dos fertilizantes pelas culturas e, com isso, aumentar a eficiência de uso.
Apenas manejando corretamente o sistema podemos atingir valores de eficiência de aproveitamento de fertilizantes próximos a 100%, ou seja, a cada ciclo a quantidade equivalente ao nutriente aplicado via fertilizante será absorvida pela cultura. Para nutrientes como o potássio, isso já é, em muitos casos, uma realidade.
Entretanto, para que possamos trabalhar nesse patamar de eficiência, é fundamental que o perfil de solo esteja devidamente corrigido e que haja condições para o máximo desenvolvimento da rizosfera e exploração de uma maior quantidade de solo possível, até mesmo em camadas profundas.
Um sistema radicular desenvolvido significa maior área de absorção de água e nutrientes e, logo, maior potencial produtivo e redução dos riscos climáticos. Um caso extremo são as pastagens em sistemas de pecuária extensiva, onde o baixo nível de fertilidade chega a ser assustador.
Fertilidade Ideal
Em uma situação ideal, com o perfil de solo corrigido em profundidade, e com um bom manejo biológico do sistema, utilizando plantas de cobertura eficientes na absorção de nutrientes, a recomendação de adubação de manutenção deve ser feita com base na produtividade, considerando-se 100% de eficiência de uso.
Nessa situação, mesmo que não haja resposta econômica à aplicação de fertilizantes, a adubação de reposição deve ser feita, pensando no conceito de sustentabilidade. A reposição de nutrientes pelo uso de fertilizantes compensa a extração pelas colheitas, mantendo o sistema em equilíbrio.
Podemos pensar em uma colheitadeira, com sensor de colheita, enviando em tempo real os dados de extração de nutrientes para uma adubadeira, que fizesse a reposição dos nutrientes extraídos na quantidade exata equivalente ao exportado, com a dose calculada em quilos por hectare. Isso seria agricultura de precisão no sentido mais preciso.
Por enquanto, vamos trabalhar naquilo que é mais barato e mais econômico, que é cuidar bem do nosso solo, com as ferramentas que já possuímos. Temos que ter o total controle sobre tudo o que está acontecendo com esse bem tão precioso que é o solo, o suporte para a produção agrícola e, por consequência, suporte para a vida no nosso planeta.
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