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Fabio Alvarenga e Clayton Grillo Pinto
04/07/2013
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O bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) é a principal praga do cafeeiro. Trata-se de um microlepidóptero (pequena mariposa), que foi assim denominado por minar as folhas do café durante a fase de lagarta. Foi o que explicou o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Júlio César de Souza, em visita ao Polo de Excelência do Café e ao INCT Café, na Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Em ataques intensos a desfolha da planta é grande e provoca prejuízo significativo à produção se não for devidamente monitorado e controlado, já que, quanto menor a área foliar, maior será o prejuízo para a próxima safra. Na cafeicultura do cerrado, por exemplo, desfolhas drásticas causadas pelo bicho-mineiro resultaram em prejuízo de 72% na produção.
O pesquisador deu ênfase à importância de se fazer o monitoramento de infestação para se tomar as devidas medidas de combate à praga. De acordo com ele, o comportamento do bicho-mineiro é diferente de uma região produtora de café para outra, em função de diversos fatores, especialmente daqueles relacionados ao clima.
“Temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e distribuição irregular das chuvas, com períodos secos prolongados, são condições que estimulam a rápida evolução da população da praga”, afirma o pesquisador.
Durante a visita, Júlio explicou que na região sul ocorre apenas um pico de infestação do bicho-mineiro, normalmente entre os meses de setembro e outubro. Já nas lavouras do cerrado e vale do Jequitinhonha, a curva de flutuação populacional do inseto aponta para dois picos, sendo o primeiro entre abril e maio e o segundo entre setembro e outubro. Na Zona da Mata mineira ocorrem as duas situações, dependendo da região.
Para o ano de 2013, segundo o pesquisador, nas lavouras de café no município de Carmo do Paranaíba no cerrado mineiro, até o momento não houve necessidade de controle mais intenso do bicho-mineiro, situação confirmada pelo engenheiro agrônomo do Educampo, Max Afonso Alves.
De acordo com ele, os monitoramentos realizados em março último mostraram infestação média de 2%. Em abril subiu para 5% e hoje, depois das chuvas ocorridas na região, voltou a 2%. Não houve, portanto, o primeiro pico de infestação, havendo ainda uma tendência para menor infestação por ocasião do segundo pico.
No entanto, na região de Monte Carmelo, também no cerrado mineiro, a situação foi um pouco diferente. O engenheiro agrônomo Luís Donizetti Ferreira Júnior, do núcleo da Cooxupé naquele município, explicou que o primeiro surto de ataque ocorreu e trouxe certa preocupação. No entanto, como as lavouras são monitoradas, o controle químico foi feito no momento certo por meio de pulverização com inseticida específico, registrado para a cultura do café. Se houver a necessidade de controle do bicho mineiro a partir de agora nessas regiões, é indicado o uso do princípio ativo Rynaxypyr, do grupo químico das diamidas antranílicas.
No sul de Minas, o pesquisador Júlio César tranquilizou os cafeicultores.“Devido ao quadro atual relacionado ao clima e à baixa presença de bicho-mineiro nas lavouras em geral, não haverá ataque intenso da praga a ponto de trazer grandes preocupações por parte dos cafeicultores e técnicos da extensão neste ano. Pode-se inclusive, em muitos casos, passar sem o controle químico”, explicou.
O pesquisador enfatizou a questão do monitoramento constante da praga. “Independentemente da região cafeeira, o importante é que seja feito um acompanhamento constante e que se tenha um bom conhecimento de como a praga se comporta em cada local. O bicho-mineiro tem muitos inimigos naturais que jamais podem ser esquecidos, principalmente no Sul de Minas, que ajudam a manter baixa a infestação da praga. Por isso, o monitoramento é importante e deve ser feito rotineiramente” explicou.
Júlio César citou ainda alguns princípios ativos registrados para o café e destinados ao controle do inseto: Rynaxypyr (diamida antranílica), Novaluron (benzoilureia), Profenofós (organofosforado) + Lufenuron (benzoilureia), a serem aplicados em pulverização, e Tiametoxam e Imidacloprido (neonicotinóides) aplicados ao solo, associados ou não a fungicidas para controlar a ferrugem do cafeeiro.
Mais informações no Blog Polo de Excelência do Café
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