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Vacy Alvaro, Web Rádio Água
26/06/2015
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Utilizar as águas de açudes para irrigar as plantações sem gastar energia elétrica ou combustível. Este é o desejo de todo produtor rural e em Santa Catarina vem sendo possível com a adoção de “carneiros hidráulicos”. Essas bombas utilizam apenas a força da gravidade para transportar grandes quantidades de água.
O nome da inovação tem origem na Idade Média, quando soldados utilizavam grandes toras de madeira para derrubar portões e muros de castelos inimigos. Essas armas eram conhecidas como aríetes, que significa 'carneiros' em latim, uma alusão às pontas esculpidas no formato que lembra o da cabeça do animal. Desta invenção resultou o "golpe de aríete", que se caracteriza pelo barulho ritmado feito pelas tubulações quando a saída de água delas é interrompida.
O desnível para o funcionamento do sistema deve ser entre um e seis metros, podendo recalcar até 60 metros de altura numa distância máxima de 600 metros. Élcio Pedrão, extensionista rural e social da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), explica o funcionamento do sistema:
“Essa bomba usa somente energia da água, com a gravidade, então precisa basicamente ter três coisas: volume de água, peso e velocidade (que se dá pela distância da captação até o 'carneiro'). A água percorre por um cano, sempre em descendente, e quando ela sofre uma interrupção surge essa força interna dentro dos canos (uma pressão muito grande dentro dos canos), que repercute numa pressão suficiente para levar a água para cima. Se tiver dois metros de desnível da captação até o carneiro, tem a possibilidade de jogar até 20 metros de altura numa distância de 200 metros”.
Ao longo do tempo, o carneiro hidráulico passou por algumas adaptações. O modelo artesanal desenvolvido pela Epagri, além do baixo custo, traz diversas vantagens aos produtores rurais e ajuda na preservação do meio ambiente:
"O carneiro industrial é muito bom. O único detalhe dele que é ruim é que ele é todo de metal, então a água não fica de uma boa qualidade quando for usado para consumo humano. Esse que é a gente monta é de PVC, então não enferruja. Outra diferença é o peso. O outro (industrial) tem uma média de 30 a 35 quilos, e esse aqui tem entre 1,3 kg e 1,4 kg. É de fácil manuseio e muito fácil de lidar. A forma de aproveitar uma água na propriedade sem gastar energia e combustível é utilizando esse 'carneiro'. Não agride o meio ambiente, não contamina, não polui, é barato, leve, de fácil manuseio e a manutenção é muito pequena. Então é uma forma sustentável de se captar água. Muito prática. No início pode parecer um pouco complicado para montar e fazer a regulagem, mas depois fica muito simples”.
Mais informações sobre as peças utilizadas e a montagem do carneiro hidráulico artesanal podem ser obtidas diretamente com o extensionista rural e social Élcio Pedrão, através do e-mail elcio@epagri.sc.gov.br.
Outros conteúdos sobre Água, Energia e Sustentabilidade, acesse: www.webradioagua.org.
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