
Na Região Nordeste do Brasil a mandioca (Manihot esculenta Crantz) apresenta-se como uma cultura de importantíssimo destaque socioeconômico. É uma das principais fontes calóricas para a população nordestina, sendo uma importante matéria prima para agroindústrias na produção de farinhas, entre diversos outros produtos, gerando emprego e renda. Além disso, também é utilizada na alimentação animal, sendo utilizadas tanto as raízes quanto a parte aérea.
De acordo com o IBGE o Brasil colherá em 2013 aproximadamente 1,65 milhões de hectares, com uma produção estimada em 23,4 milhões de toneladas de raízes frescas colhidas, resultando em uma produtividade média de 14,2 ton/ha, desta forma destacando-se como um dos maiores produtores mundiais deste produto. Em 2013 a região Nordeste do Brasil teve uma área plantada de 988 mil hectares com previsão de colheita de 690 mil hectares, respondendo por 41,8 % da área colhida no país, com um rendimento médio de 10,2 ton/ha.
Na Região Nordeste a doença que tem causado maior limitação no cultivo de mandioca, gerando perdas em torno de 30% da produção, é a podridão das raízes. Os sintomas da podridão são variáveis, dependendo do agente causal. Podem aparecer estrias negras nas raízes no caso da podridão seca, ou então as raízes apresentarem escurecimento com exsudação de um odor fétido. Em ambos os casos pode ocorrer queda de folhas, amarelecimento, murcha parcial ou total e a morte das plantas.
A podridão de raízes pode ser controlada adotando determinadas práticas culturais como o plantio em áreas que não apresentam histórico de presença da doença, áreas bem drenadas e optando por plantio de manivas de origem de áreas sem ocorrência da doença. Porém, uma das maneiras mais efetivas é o plantio de cultivares selecionadas, que apresentem alta tolerância à podridão das raízes, simultaneamente à adoção de boas práticas culturais. Nesse contexto a Embrapa Mandioca e Fruticultura em parceria com a Embrapa Tabuleiros Costeiros desenvolveu a BRS Kiriris, que apresenta tolerância à podridão das raízes, e que em ensaios de competição realizados no nordeste brasileiro apresentou produtividade média de raízes de 40 ton/ha.
A seleção de cultivares com alto potencial para a produtividade, elevada estabilidade de produção e alta capacidade de adaptação às condições para as quais será indicada, aliada a atributos agronômicos superiores, como tolerância/resistência a doenças, são os principais objetivos dos programas de melhoramento genético de qualquer espécie cultivada. Uma vez identificada que a podridão das raízes é umas das principais doenças limitantes na produção de mandioca no nordeste brasileiro, a Embrapa Tabuleiros Costeiros em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura continuam desenvolvendo um trabalho de seleção de cultivares tolerantes à doença.
Diversos ensaios de avaliação de cultivares estão em curso nos municípios de Umbaúba, Lagarto, Nossa Senhora das Dores e Frei Paulo localizados no estado de Sergipe, Ribeira do Pombal no estado da Bahia e Araparica no estado de Alagoas. Um dos objetivos dessas avaliações é a seleção de novas cultivares que apresentem elevada tolerância à podridão das raízes aliadas a elevadas produtividades.
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