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O I Workshop sobre o desenvolvimento sustentável em ambientes de montanha acontece em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, nos dias 27 e 28 de julho. Durante o evento, serão discutidos vários aspectos da agricultura na condição de montanha como os desafios do setor, as estratégias para alavancar pesquisas, desenvolver a agricultura e as particularidades do ecossistema. Apesar de cerca de 80% da água doce da superfície do Planeta ser proveniente das montanhas e milhares de pessoas dependerem deste ambiente, no Brasil, não há muitas pesquisas sobre as práticas agrícolas destas regiões.
Um dos objetivos do workshop, promovido pela Embrapa Agrobiologia, é tentar suprir esta carência de informações. A pesquisadora Adriana Aquino, uma das organizadoras do evento, diz que ao final do evento será produzido um documento com os aspectos mais relevantes da agricultura em montanhas, assim como as perspectivas de crescimento e os desafios da atividade para incentivar as pesquisas. O Ministério do Meio Ambiente criou recentemente a câmara técnica sobre os ecossistemas de montanhas e está elaborando um programa nacional, que segundo Aquino, vai possibilitar que as montanhas sejam incluídas na agenda nacional das pesquisas científicas.
— Cerca de 80 por cento da água doce da superfície do planeta procede das montanhas e metade da humanidade depende das águas da montanha. com base nas informações que dispomos hoje entendemos que os sistemas agroflorestais sejam os mais adequados a esses ecossistemas. Por outro lado ainda precisamos gerar informações técnicas que possam garantir a produção de alimentos e a manutenção dos serviços ecológicos, de modo a subsidiar as formulações de políticas publicas que legitimem a produção agrícola nesse ambiente. As montanhas compreendem uma ampla gama de ecossistemas em uma distância relativamente curta e assim podem abrigar grande riqueza de espécies e algumas das paisagens mais espetaculares — diz a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Adriana Aquino.
Segundo ela, é preciso que sejam feitos muitos estudos sobre as montanhas no Brasil porque este ecossistema é muito frágil e ainda precisa superar algumas dificuldades. Entre os desafios citados pela pesquisadora estão a dificuldade de conciliar a produção econômica com a conservação da paisagem e dos cursos d'água, que são extremamente importante. Além disso, há o isolamento geográfico, que dificulta o transporte, a comercialização e o desenvolvimento adequado destas áreas. Outra questão são as restrições da legislação que, segundo Aquino, colocam na ilegalidade muitas atividades agrícolas. Ela diz que as montanhas são ecossistemas extremamente frágeis e vulneráveis à erosão acelerada do solo, aos deslizamentos de terra e à rápida perda da diversidade genética.
No entanto, apesar das dificuldades, a cidade-sede do evento é um exemplo muito positivo para os produtores. Nova Friburgo é a maior produtora de couve-flor do país, assim como a segunda maior produtora de flores de corte do Brasil. Ela também é a maior produtora de morango e truta do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, a cidade concentra 44% do que sobrou da vegetação original da Mata Atlântica. Não há uma restrição ou indicação de cultura ideal para as montanhas, porque o que deve ser levado em consideração é a forma de se trabalhar a agricultura na região, com cuidados diferenciados de manejo. São cultivados desde grãos como o café, frutas como maçã e uva, hortaliças e até pecuária leiteira. Porém, Aquino explica os cultivos perenes e que promovem a cobertura do solo, sem grandes revolvimentos de terra, são mais adequados para as regiões montanhosas.
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