Nos últimos anos, noticias sobre o Brasil importar feijão da China tem sido cada vez mais comuns. Silenciosamente alguns acontecimentos conspiraram para que o país, além de importar feijão da Argentina, busque suplementar seu abastecimento com o feijão do oriente. Os menos avisados ficam chocados, mas há boa explicação para o fato, que entre outras coisas evidencia o tamanho da desorganização que ainda impera dentro da cadeia produtiva.
A região produtora de feijão preto está concentrada na região Sul. Dentro desta região a concentração maior esta na região sul do Paraná, leste e norte de Santa Catarina e no Rio Grande Sul em geral.
Dentro de um mercado com consumo mensal estimado ao redor de 700 mil sacas mensais, nos últimos anos foram perdidos cerca de 100.000 H de área plantada no Rio Grande do Sul, por dois motivos principais. O primeiro deles tem a ver com a tributação e o segundo com a competição com outras culturas, como o fumo.
A tributação do estado do Rio Grande do Sul segue penalizando os produtores de feijão, sobre tudo os produtores de feijão preto, que são a maioria daquela região.
Com o advento, em 2006, da diminuição do ICMS em Minas Gerais e Paraná, outros estados aderiram a esta prática e Santa Catarina, bem como São Paulo, diminuíram a tributação para 1%. Assim, ainda que o governo do estado do Rio Grande do Sul tenha diminuído para 7%, é impossível que os produtores compitam com os estados vizinhos. Desta forma, todo feijão produzido precisa ser consumido dentro do estado ou precisa absorver a diferença de ICMS e ainda a diferença de frete para os centros consumidores do Brasil. Não restou outra alternativa a não ser diminuir cerca de 90.000 H a área plantada.
Com o crescimento vegetativo do consumo nacional certamente sem aumento de área nos outros estados, não restou alternativa natural e intuitiva que não seja importação de onde houver oferta de feijão. Durante a 14ª FEJÃO em Sobradinho este mês, foi trazido à atenção dos participantes este fatos. As lideranças presentes levaram este pleito ao governador, que prometeu estudos para resolver esta distorção.
Resta ao consumidor aguardar agora os próximos passos que poderão contribuir para diminuição de nossa dependência em importar feijões, item símbolo da culinária brasileira.
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