
Os investimentos do setor agropecuário no cerrado amapaense, quantificado em aproximadamente 1 milhão de hectares ou 7% da área do Estado, podem inverter o balanço financeiro e contribuir para o desenvolvimento do Amapá, dependente de aportes financeiros do Governo Federal, e assim, estabelecer uma nova fonte de geração de emprego e renda.
Isso porque o cerrado amapaense representa uma excelente oportunidade para investimentos na agricultura, com produtividades comparáveis às melhores produtividades do país. A pressão pelo uso da terra nessa nova fronteira agrícola gerou muita especulação fundiária, haja visto que o preço há dez anos atrás era inferior a R$ 50,00 o hectare e hoje varia de R$ 500,00 a R$ 3.500,00, dependendo da topografia e proximidade da Rodovia BR-156.
Atualmente, a Embrapa Amapá trabalha na adaptação de tecnologias que busquem a produção sustentável de grãos, com destaque para a soja. A parceria com o setor produtivo vem culminando em capacitações, avaliação de cultivares adaptadas para a região e, principalmente, difusão de tecnologias relacionadas à Boas Práticas Agrícolas, Sistema Plantio Direto (SPD), Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), garantindo que o desenvolvimento rural do Estado se realize sobre os alicerces das práticas sustentáveis dos pontos de vista ambiental, social e econômico e, principalmente, valorizando o uso eficiente da terra.
O Zoneamento Econômico-Ecológico (ZEE) que vem sendo realizado pelo Governo do Estado, em parceria com a Embrapa, é de grande relevância para o ordenamento e gestão desse território. No desenvolvimento dessa nova agricultura no cerrado, ainda embrionária, existe a possibilidade de cultivo de aproximadamente 150 mil hectares, que podem dobrar sem expansão de área no caso de duas safra/ano, possibilidade real devido à boa distribuição de chuva por quase 9 meses. Segundo dados da Embrapa, a produção de grãos, sejam eles arroz, feijão, milho ou soja, pode gerar de 2 a 16 empregos para cada 100 hectares.
Por ser uma área onde predominam plantações médio porte (cerca de 200 hectares), estima-se que o índice de empregabilidade seja de 8 funcionários para cada 100 hectares. Neste caso, a produção agrícola do Estado pode gerar até 12.000 empregos diretos no campo. A importância deste número cresce quando se leva em consideração os empregos indiretos, aqueles que dão suporte a produção agrícola (insumos, máquinas, serviços...) e também a industrialização e a comercialização destes produtos, o que pode aumentar este número de empregos em até 4 vezes.
O gargalo produtivo do setor agropecuário no Amapá, assim como em toda a região Norte, passa pelas questões fundiárias. A legalização das terras é de suma importância para que os produtores possam obter licenças ambientais e ter acesso à linhas de créditos para investimentos em instalações e tecnologias para o campo, dinamizando o desenvolvimento rural.
A potencial produção agrícola do cerrado, em análise, tem capacidade de aportar cerca de 1 bilhão de reais por ano na economia do Amapá. Por este aspecto, pode-se concluir que o fortalecimento desta atividade agrícola é de fundamental importância para o desenvolvimento do Estado, influenciando a diminuição da importação de alimentos e, consequentemente, a exportação de capital originada por este fator; gerando emprego e renda, oportunizando a estruturação de investimentos privados no campo e na indústria e assim, contribuir para surgimento de outras fontes de geração de riquezas em outras cadeias produtivas à exemplo da aquicultura, com a produção local de rações.
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