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Integração Lavoura Pecuária        
Novo capim-azevém produz 5% mais e 20 dias mais cedo
Material destina-se à demanda dos produtores que utilizam o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP)
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Francisco Lima, Embrapa Clima Temperado
29/08/2017

Para atender uma demanda dos produtores que utilizam o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a Embrapa desenvolveu o azevém de ciclo precoce BRS Integração. O material produz 5% mais com 20 dias a menos de ciclo em comparação à BRS Ponteio, variedade lançada em 2007 também pela Embrapa e que hoje ocupa 60% da produção nacional de sementes de azevém. A precocidade possibilita a ressemeadura natural ou colheita das sementes antes do estabelecimento de culturas de verão, como a soja, permitindo, como o próprio nome da variedade indica, a Integração Lavoura-Pecuária. A BRS Integração acaba de ser lançada durante a 40ª edição da Expointer, em Esteio (RS).

A variedade apresenta alta produtividade – cerca de oito toneladas por hectares – e bom vigor inicial. O estabelecimento da pastagem é rápido, girando em torno de 50 dias se bem manejada, segundo afirma a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite (MG) lotada na Embrapa Clima Temperado (RS), Andréa Mittelmann, uma das responsáveis pela novidade. “O mais interessante em termos de produtividade é que ela ganha do BRS Ponteio e das outras cultivares plantadas no Brasil atualmente”, explica. Os pesquisadores também verificaram índices de proteína em torno de 18% nos materiais avaliados.

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Além disso, a BRS Integração tem boa adaptação às regiões de clima temperado e a algumas regiões de altitude, no sudeste do País, por ter sido desenvolvida a partir de populações com origem na Serra Gaúcha. O que, portanto, resulta em maior sanidade da variedade a campo. “As importadas são menos tolerantes às doenças que temos aqui”, justifica Andréa.

Outra característica é a tolerância ao acamamento, aspecto importante para produção de silagem pré-secada e sementes. “Se a planta cair, não é possível colher as sementes com a máquina, por exemplo. Para o usuário final, talvez isso não tenha tanta importância, porque nem todo mundo vai colher. Mas, para nossos parceiros que realizam o passo intermediário, que é a produção de sementes, isso é bem importante”, ressalta.

A BRS Integração apresenta folhas grandes e mais largas do que a maioria das cultivares. Já o colmo mais grosso dá suporte para um porte mais ereto, facilitando o corte mecânico e, consequentemente, o trabalho dos produtores que produzem forragem conservada, como silagem pré-secada ou feno. “É um material excelente tanto para pastejo quanto para silagem conservada”, completa Mittelmann.

Alta capacidade de rebrote e ressemeadura natural

No fim do ciclo produtivo, as sementes do azevém podem ser colhidas para plantio na próxima safra, ou caem no solo e entram em dormência, voltando a produzir no próximo ano, quando as condições climáticas retornam ao ponto ideal para desenvolvimento da planta. É a chamada ressemeadura natural. Mas, em áreas de cultivo integrado, o estabelecimento de culturas de verão nem sempre ocorre após o fim do ciclo do azevém, impedindo a ressemeadura e fazendo com que o produtor tenha que comprar sementes no próximo ano caso queira implantar a pastagem novamente.

O ciclo precoce da BRS Integração, no entanto, permite que as sementes caiam no solo antes do preparo das áreas para as culturas anuais da estação quente. De acordo com Mittelmann, a nova cultivar deve ser plantada em abril para ser utilizada a partir de junho, caso o produtor respeite as épocas corretas. Por isso, até setembro, a variedade tem condições de produzir bastante e ser bem aproveitada pelo sistema produtivo. “A produção de sementes vai ocorrer a partir de outubro. Mas, como as plantas do BRS Integração têm grande capacidade de rebrotar após o pastejo, a pastagem pode durar tanto quanto a da variedade BRS Ponteio. Vai depender bastante do manejo, envolvendo pastejos e adubações”, afirma a pesquisadora.

Melhoramento genético do azevém
A BRS Integração foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento de Azevém da Embrapa – com participação das Unidades Clima Temperado, Gado de Leite, Pecuária Sul (RS) e Trigo (RS) – no âmbito da parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Associação Sul-Brasileira para o Fomento e a Pesquisa de Forrageiras (Sulpasto). Os experimentos e as recomendações com relação ao manejo foram desenvolvidos em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Em 2007, a Embrapa lançou sua primeira cultivar de azevém, a BRS Ponteio, a qual atende à demanda por variedades de ciclo mais longo. Hoje, a cultivar responde por 60% do mercado brasileiro de azevém, a principal gramínea de inverno utilizada na alimentação do gado no Rio Grande do Sul.

O desenvolvimento da BRS Integração, por sua vez, se deu com o surgimento de novas demandas de pastagens – como o ciclo mais curto e a possibilidade de ressemeadura. Para lançamento do material, o trabalho de seleção e melhoramento teve início há 15 anos, em 2002. “É um tempo bastante demorado. Prevê avaliação em muitos ambientes, em diferentes anos, para que a gente possa saber que o material vai ter um bom desempenho e vai realmente auxiliar no sistema produtivo”, finaliza Andréa.

Comercialização
A multiplicação e comercialização da variedade são de responsabilidade da Sulpasto. O cultivo das primeiras unidades está ocorrendo agora. A ideia é que as sementes da BRS Integração sejam disponibilizadas em dezembro deste ano, para plantio na próxima safra de inverno, entre os meses de março e abril.

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