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Pesquisa vai avaliar fatores que interferem na inoculação do feijão
Uso de inoculantes poderia contribuir para o aumento da produção com um custo baixo, a exemplo do que ocorre na soja
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Ana Lucia Ferreira, Embrapa Agrobiologia
16/09/2015

A pesquisa mostra que o uso de inoculante pode aumentar a produtividade em 25 por cento nas pequenas propriedades produtoras de feijão, onde não se utiliza adubo. Já nas lavouras altamente tecnificadas, o uso do biofetilizante possibilita a redução de 50 por cento do adubo nitrogenado, com a garantia dos mesmos índices de produtividade. Mas apesar disso, o produto, um fertilizante natural a base de bactérias, é utilizado em apenas cerca de 10 por cento da área plantada com feijão no país, segundo a ANPII-Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes.
 
Um estudo da Embrapa Agrobiologia pretende identificar o que contribui para o sucesso ou o insucesso da inoculação do feijoeiro. Segundo o pesquisador Ederson Jesus, já existem dados que mostram a viabilidade da fixação biológica de nitrogênio (FBN) na cultura. Porém, a inconstância nas respostas ao inoculante contribui para a baixa adoção nas lavouras. "É preciso avançar e melhorar a interação da bactéria com a planta, temos que selecionar genótipos mais responsivos à inoculação, e também estudar que fatores no campo estão afetando o desempenho do inoculante", explica o pesquisador que está à frente do estudo.
 
Produto típico da alimentação dos brasileiros, o feijão é cultivado nas regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste. Com uma produção média de 3,5 milhões de toneladas por ano, o Brasil é o maior produtor mundial do grão. Mas devido à pouca ou quase nenhuma tecnologia empregada pelos agricultores familiares, que concentram 70 por cento da produção, o cultivo do feijoeiro apresenta contrastes de produtividade. O uso de inoculantes poderia contribuir para o aumento da produção com um custo baixo, a exemplo do que ocorre na soja, onde praticamente toda cultura é inoculada.
 
Vários fatores podem estar favorecendo a baixa adoção da tecnologia nas lavouras. Para Sólon Araújo, engenheiro agrônomo e consultor da ANPII, os pequenos agricultores ainda desconhecem o inoculante, enquanto os mais tecnificados, apesar de conhecerem, temem perder produtividade. "Talvez ainda faltem mais dados de pesquisa. Embora com muitos resultados bons, ainda falta um maior volume nas diversas condições em que se produz feijão no Brasil", complementa Araújo.
 
Nos campos e laboratórios
Para preencher as lacunas nos estudos sobre FBN no feijoeiro e a eficácia inoculante, o estudo da Embrapa vai avaliar o metabolismo da planta, sua interação com a bactéria, e que substâncias produz quando associada ao microrganismo. Ederson explica que a intenção é localizar moléculas que sejam produzidas de forma diferenciada em condições de FBN para utilizá-las na identificação de plantas com boa associação ao microrganismo.
 
A meta é desenvolver metodologias simples para avaliar a interação entre a planta e a bactéria em condições de campo, servindo como suporte para os programas de melhoramento e seleção de novas estirpes. Os métodos atualmente disponíveis para avaliar a FBN não são práticos para serem utilizados de forma extensiva no campo por técnicos ou agricultores. "O processo de melhoramento, por exemplo, é muito ágil e é preciso fazer uma avaliação rápida e dinâmica das linhagens", esclarece Ederson.
 
Cromatografia e proteômica como ferramentas de estudo
Na busca por substâncias que caracterizem associações eficientes entre a planta e a bactéria, os pesquisadores vão utilizar métodos de cromatografia (técnica que permite a separação e identificação de substâncias) e proteômica (estudo do conjunto de proteínas presentes em uma espécie em determinado momento) para identificar moléculas que estejam ligadas ao processo de FBN no feijoeiro.
 
Os pesquisadores também vão buscar no microrganismo marcadores que identifiquem a interação com o feijoeiro. Como no solo já existem bactérias (rizóbios) capazes de induzir a fixação, é preciso identificar se aquelas que colonizaram a planta são originárias do inoculante aplicado ou se já estavam presentes no local. "O experimento pode não ter sido bem sucedido porque o rizóbio inoculado não foi capaz de competir e formar nódulos na planta", explica o pesquisador fazendo uma referência aos nódulos que podem caracterizar a ocorrência da fixação.
 
Durante a pesquisa, serão avaliadas ainda as metodologias já existentes. Serão feitos, por exemplo, ajustes no método para mensurar ureídos, que é a substância que transporta o nitrogênio fixado para a parte aérea do feijoeiro. Uma das propostas é adaptar esse método para fazer a avaliação no campo.
 
Manejo X inoculação
Se na primeira fase da pesquisa o objetivo é estudar marcadores na planta e no microrganismo, para identificar combinações rizóbio-feijoeiro eficientes, na segunda etapa, os pesquisadores estudarão quais fatores do ambiente contribuem para o sucesso ou insucesso da FBN em condições de campo.
 
Para o pesquisador, o manejo é um fator especial para o sucesso da inoculação do feijoeiro. Ederson salienta que a produção de feijão está concentrada na agricultura familiar, com baixa adoção de tecnologia, o que contribui para que a FBN não expresse todo o seu potencial. "O que os estudos mostram é que o experimento é muito bem manejado e por isso temos rendimentos de até 4 mil quilos de grãos por hectare, enquanto a média nacional é de 1.037 quilos por hectare", revela.
 
O estudo pretende identificar a variação do sucesso da inoculação frente a diferentes condições solo e clima. Essas condições serão mensuradas e sua correlação com o desempenho da FBN será avaliada. Serão realizados experimentos em todas as regiões do país. "A minha leitura é que o manejo nos experimentos não corresponde à realidade. Os agricultores não estão utilizando toda a tecnologia existente e talvez até por desconhecimento", finaliza o pesquisador Ederson. 
 
Mercado de inoculantes
Atualmente, as indústrias oferecem inoculantes de rizóbio para o feijoeiro com três estirpes principais, sendo duas delas selecionadas pela Embrapa. De acordo com a ANPII, cerca de dez empresas vendem o produto no país. O preço médio da dose é de quatro reais. De acordo com o consultor Sólon Araújo, uma dose suficiente para o plantio de um hectare. Além da vantagem econômica, é importante ressaltar que o inoculante não contamina o solo e nem os recursos hídricos.
 
FBN e inoculação
O inoculante é um produto que contém grande quantidade de bactérias que fazem muito bem às lavouras. Ele intensifica o processo natural da Fixação Biológica de Nitrogênio-FBN, através da qual bactérias que vivem no solo se associam às plantas, captam o nitrogênio do ar e o transformam em alimento para o planta. Num pacote de inoculante, as bactérias estão em grande quantidade e este processo da FBN se torna ainda mais intenso.

Além da Embrapa (Agrobiologia, Arroz e Feijão, Soja, Solos, Recursos Genéticos), participam desta pesquisa a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Lavras, Pesagro-Rio, Universidade do Estado da Bahia, Universidade Castelo Branco e Instituto Federal do Acre.

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